quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Frankenstein - Um "Monstro Sagrado" do Cinema

Criei este blog não apenas para postar resenhas de filmes atuais que assisto, mas também para publicar resenhas de filmes atemporais e que tenham recebido nota máxima, segundo minha escala de avaliação (conforme expliquei na resenha sobre o filme Diablo) e listas do tipo "os dez mais" em determinadas categorias da sétima arte.

Recentemente, postei uma lista de 10 clássicos imperdíveis, na qual Frankenstein ocupava o primeiro lugar. Portanto, achei interessante postar uma resenha sobre o filme.

Frankenstein (idem), EUA, 1931. De James Whale. Com Colin Clive, Mae Clarke, John Boles, Boris Karloff.



FRANKENSTEIN - DA LITERATURA PARA O CINEMA

O romance de Mary Shelley, Frankenstein: ou o Moderno Prometeu, uma obra-prima do romance gótico, é de suma importância para a literatura de gênero, não só por ser uma excelente novela de horror, mas também por ser considerado, oficialmente, o primeiro romance de ficção-científica. É a primeira obra a descrever um ser humano artificial criado em laboratório. Ela expõe os medos da humanidade ao se deparar com os avaços científicos levados às últimas consequências, sem se preocupar com os desdobramentos éticos e morais.

Entretanto, o roteiro do filme, escrito por Garret Fort e Francis Edward Farragoh, é calcado principalmente na peça de teatro de 1920, escrita por Peggy Webling. E embora, tanto no romance original quanto nas adaptações teatral e cinematográfica, Frankenstein seja o sobrenome do cientista que criou o monstro, com o tempo criador e criatura acabaram por confundir-se no imaginário popular e muitas pessoas acreditam que Frankenstein seja, na verdade, o nome do monstro.



FRANKENSTEIN E SUA ÉPOCA

No ano de 1931, os Estados Unidos estavam vivendo o período conhecido como "a Grande Depressão", consequência da quebra da bolsa de valores de Nova York em outubro de 1929. Nessa época, os estúdios de cinema, entre eles a Universal Pictures, começaram a produzir filmes baratos para entreter as grandes massas, a preços populares. Na esteira de Frankenstein e Drácula, ambos de 1931, a Universal iniciou várias franquias de filmes de monstro reunindo todos sob o "rótulo" de Monstros da Universal. O estúdio produziu 6 continuações para Frankenstein, embora a única digna de nota seja A Noiva de Frankenstein, (The Bride of Frankenstein, 1935, de James Whale) um filme tão bom quanto o original, tanto que o ideal é assistir aos dois filmes juntos, como se fossem um só. Apenas como curiosidade: a última das seis continuações é uma comédia com os humoristas Abbott & Costello!!!



Embora o inventor Thomas Edison, fundador da General Eletric, já tivesse produzido uma versão cinematográfica em curta-metragem de Frankenstein em 1910, a versão da Universal Pictures, dirigida por James Whale em 1931 pode ser considerada a primeira em longa-metragem e, também, a definitiva, não tendo sido superada até hoje.


O FILME

A estória todo mundo conhece: cientista cria um ser humano artificial com partes de cadáveres e lhe dá vida. A criatura, que por acidente recebeu o cérebro de um assassino, torna-se violenta, escapa do castelo onde estava confinada, aterroriza a vizinhança, procura seu criador e, já no final do filme, é perseguida pelo populacho.

O diretor James Whale soube lapidar muito bem esta gema preciosa. Como consequência do sucesso estrondoso do filme, o ator Boris Karloff ficou imortalizado como o monstro de Frankenstein (A maquiagem da criatura foi criada a partir das feições, bastante peculiares, de Karloff). Sua performance foi impecável, assim como a de Colin Clive no papel do Dr. Victor Frankenstein, o protótipo de todos os "cientistas loucos" que vieram após. Os belíssimos cenários (em especial o castelo/moinho onde fica o laboratório do Dr. Frankenstein) foram claramente inspirados pelo expressionismo alemão. Acredito que um único detalhe ficou faltando para atingir-se a perfeição: uma trilha sonora marcante.



Resumindo, Frankenstein é um filme tão bom que até conseguiu resistir muito bem à passagem do tempo. Pode (e deve!) ser assistido até hoje de maneira muito prazerosa, embora não cause às plateias de nosso tempo, tão acostumadas ao "gore" e às imagens geradas por computador, o mesmo efeito que causava nos anos 30.



Assim como uma fábula de esopo, Frankenstein possui uma "moral da estória", atemporal e eterna: o ser humano não deve tentar se igualar a Deus, ou as consequências serão trágicas!

Nota para o filme: 10 com louvor... e 5 tijoladinhas!


Um comentário:

  1. Normalmente, traria alguma curiosidade sobre o filme em questão, mas, a tua postagem está tão perfeita que qualquer coisa que eu diga seria desnecessário.

    ResponderExcluir